sábado, 20 de agosto de 2011



TEXTO 5: SEGUNDA GUERRA MUNDIAL


Hitler fala à juventude nazista. Reparem nos valores e no tipo de paz desenvolvidos ao longo do discurso para os jovens.


No intervalo de tempo de 1919 a 1939, foram gestadas forças ideológicas, antagônicas, que levaram o mundo à Segunda Guerra Mundial.  Os desdobramentos do Tratado de Versalhes, que gerou sentimentos de ódio e revanchismo na sociedade alemã, o crescimento da esquerda e das idéias socialistas em toda a Europa, influenciadas pela Revolução Russa de 1917, mais, as crises sociais decorrentes da crise financeira do capitalismo de 1929, resultaram em um contexto político-social que levou ao crescimento de movimentos antisocialistas, antidemocráticos, de caráter totalitário,  como o fascismo, na Itália, e o nazismo, na Alemanha, apoiados e financiados pela burguesia européia. Portanto, naquele momento, podemos dizer que, o socialismo, a democracia liberal e o nazifascismo faziam parte dos vértices de um triângulo ideológico naquele momento na Europa

O antisocilismo do nazifascismo traduzia-se no Pacto Anti-Komintern. Alemanha, Itália e Japão, segundo esse pacto, colocavam-se contra o expansionismo soviético, sobretudo nas fronteiras com a China. Por outro lado, o direito ao espaço vital, como principio básico para o ressurgimento da Grande Alemanha, era visto com tolerância e omissão entre ingleses e franceses. Na verdade, montava-se um cenário extremamente belicoso na Europa, cujo cenário era formado pela guerra ideológica entre o capitalismo, o socialismo e o nazifascismo, esse cada vez mais poderoso.

 A Guerra Civil Espanhola foi emblemática nesse contexto. Ela serviu como ensaio para a Segunda Guerra. Com um governo republicano, formado por uma frente popular inspirada na Internacional Comunista, a Espanha sofreu um golpe liderado pelo geral Franco, que defendia os interesses mais conservadores da sociedade espanhola (classes proprietárias e Igreja católica). Franco esmagou o governo constitucional espanhol com a ajuda de Hitler e Mussolini. Enquanto isso, as principais democracias européias (Inglaterra e França) nada fizeram em auxilio a Espanha. Em outras palavras, se por um lado o crescimento das forças antidemocráticas não agradava as democracias liberais européias, menos conveniente seria o crescimento da política social democrata, com forte influência do socialismo.


Guernica.
(Painel pintado por Pablo Picasso, 1937, representando o bombardeio sofrido pela cidade espanhola, do mesmo nome, por aviões alemães) 


A Segunda Guerra Mundial tem seu inicio no ano de 1939, mas, quais foram os acontecimentos que fizeram as democracias européias declararem guerra à Alemanha de Hitler? O território alemão se situa na Europa central, dentro do principio do espaço vital a Alemanha deveria buscar sua expansão pelos quatro cantos da Europa. Esse movimento começa em 1938 com as anexações da Áustria e dos Sudetos (territórios da Thcecoslováquia). Entretanto, o curioso, foi a postura permissiva de ingleses e franceses em relação a essas anexações, legitimadas, com o apoio da Itália, no Tratado de Monique. Mas, surpresa maior nos meios diplomáticos, foi o pacto germano-soviético de não agressão.  Esse acordo entre Hitler e Stálin deu carta branca para que a Alemanha invadisse a Polônia, gerando expectativas em Stálin que as forças nazistas se voltassem para o oeste, em direção a França e Inglaterra. Nesse momento, Alemanha, Itália e Japão já formavam o Eixo Roma - Berlim – Tóquio, uma aliança entre esses países, de ajuda mútua, contra qualquer agressão externa. Em 1º de setembro a Alemanha invadiria a Polônia, não deixando escolha para Inglaterra e França, iniciava-se a Segunda Guerra Mundial.

Em 1940, o poderoso Exército alemão, com o apoio de sua força aérea, marcha, desta vez em direção aos países ocidentais. Em operações relâmpagos (Blitzkrieg) ganha a Holanda e a Bélgica. Hitler vai dominando a Europa ocidental pelas beiradas, até entrar na França e controlar, em acordo com o governo Francês, mais da metade do território daquele país. Em 1941, boa parte da Europa já estava dominada pelo Reich Alemão, direta ou indiretamente. Bulgária, Romênia, Hungria aderiram ao projeto de Hitler; Suíça, Suécia, Turquia, Portugal e Espanha permaneciam neutros, sendo esses dois últimos paises governados por regimes totalitários e antidemocráticos (Franco na Espanha e Salazar em Portugal). 


Mapa político da Europa antes da Segunda Guerra Mundial

Restava a Inglaterra. Sob o comando do Primeiro Ministro Winston Churchill, os ingleses conseguiram resistir heroicamente aos ataques da Luftwaffe (força aérea alemã), levando Hitler a desistir das ilhas britânicas. Ao Norte da África, a guerra no deserto, que tinha como alvo principal o controle das reservas de petróleo, permaneceu indefinida entre alemães e ingleses até 1942.

Famoso discurso de Winston Churchil, proferido na Câmara dos Comuns, em 4 de junho de 1944.  



Já no sudeste asiático, o Japão, membro do Eixo, uma monarquia militarista de tendência expansionista, invadia a China promovendo massacres entre a população civil. As ambições japonesas iam de encontro aos interesses dos EUA na região. O conflito entre esses dois países torna-se uma questão de tempo, quando o Japão desfere um ataque surpresa a base naval americana de Pearl Harbor (Havaí), matando milhares de militares americanos. O presidente norte-americano, Franklin Delano Roosevelt, declara guerra ao Eixo, obtendo uma vitória significativa apenas em 1942, na batalha de Midway.


Cenas do filme Pearl Habor  (Michael Bay, 2001)


Uma vez dominada a Europa ocidental, com exceção da Inglaterra, Hitler volta-se ao leste, em direção a URSS. Três milhões e meio de soldados alemães invadem a Rússia. Hitler parece subestimar o numeroso Exército Vermelho e ignorar o maior amigo dos russos, o frio, cometendo o mesmo erro de Napoleão em 1812. Em 1942, na cidade de Stalingrado, se dá a mais sangrenta e decisiva batalha da Segunda Guerra, arrastando-se por meses, disputada palmo a palmo, entre prédios e trincheiras. Em novembro do mesmo ano, vencidos pelo cansaço e pela fome, os alemães são cercados e rendidos. A sorte da Guerra começava a mudar.


Trailer do filme, Circulo de Fogo (Jean Jacques Annaud, 2001)


Enquanto isto, a oeste, a contra-ofensiva dos países aliados se dá com o desembarque das tropas americanas e inglesas na Normandia (França). Esse ataque ficou na história como dia D. Entretanto, essas operações são adiadas até 1944, para o desespero de Stálin, que travava um guerra decisiva e sangrenta contra os alemães em seu território. Na análise de muitos historiadores, essa demora se explicava na intenção dos países capitalistas em ver a URSS se desgastar ao máximo na guerra contra os alemães. A vitória dos aliados mostrou que esses, juntos, dispunham de maior recursos humanos e de matérias primas, sobretudo, Rússia, na Europa, e China, o sudeste asiático. Entretanto os EUA, mais uma vez, foram os maiores vencedores, seu PIB (produto interno bruto) cresceu cerca de 85% entre 1939 e 1945, com a maior parte dos investimentos direcionados para a infraestrutura industrial.


Cenas do filme, O Resgate do Soldado Rayn, com o ataque costeiro dos aliados na Praia de Omaha, durante a Batalha da Normandia (Steven Spielberg, 1998)


Numa demonstração de força, os EUA lançam a bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima. Era 6 de agosto de 1945, o dia mais triste da Terra. O objetivo, além de acabar com a resistência japonesa, era evitar o avanço soviético no Pacífico. Três dias depois foi a vez de Nagasaki. Trezentas mil pessoas morrem instantaneamente e outras milhares sofreriam terríveis conseqüências, por gerações inteiras, com a exposição à radiatividade liberada pelo ataque.


Matéria do Fantástico sobre a bomba de Hiroshima.(Hélio Costa - 1976)
parte I


parte II

sexta-feira, 3 de junho de 2011

TEXTO 4: REVOLUÇÃO RUSSA, 1917


  A Rússia no início do século passado era um grande império. Seus limites iam da Europa oriental, espraiando-se pela Ásia central, até as fronteiras do Império Chinês, no extremo Oriente. Seu imperador, o czar Nicolau II, exercia o poder de forma absolutista, centralizando o poder em suas mãos. Entretanto, esse imenso império, com povos de culturas e nacionalidades diferentes, vivia uma profunda contradição. Ao mesmo tempo em que era uma economia industrializada, os milhões de camponeses viviam uma realidade medieval, sob tradições feudais, em condições de extrema pobreza, assim como os operários. Por outro lado, no topo da sociedade russa, gozando as riquezas do império, uma elite composta por senhores rurais (donos de terras), o alto clero da Igreja Ortodoxa, a aristocracia imperial, a alta burguesia e os militares de alta patente.


Eram constantes as revoltas nos campos e as greves nas cidades. Mas, o czar, Nicolau II, mostrava-se insensível ao sofrimento do povo. Existiam vários grupos políticos com projetos para transformar essa ordem social. Entre anarquista e socialistas havia os sociais democratas que defendiam a revolução. Seguidores das idéias Karl Marx, acreditavam que o socialismo viria de forma gradual. Primeiro, o capitalismo democrático superaria as tradições e acabaria com os privilégios das elites. Depois, o capitalismo seria superado pelo socialismo numa revolução feita pelos trabalhadores.
Vladimir Lênin
Os sociais democratas (Partido Operário Social Democrata Russo) estavam divididos em bolcheviques (maioria) e mencheviques (minoria). Com o desenrolar dos acontecimentos os bolcheviques, sendo Vladimir Lênin seu principal líder, passaram a defender a radicalização da revolução. Entretanto, em 1905 surgem os sovietes (conselho em russo). Essas organizações reuniam trabalhadores de diversos seguimentos com o objetivo de manter a unidade de seus membros para além das greves e independente da opção partidária de cada um. Com seus lideres eleitos por seus colegas, os sovietes se espalharam  por toda a Rússia, em fábricas e quartéis.  
Para piorar a situação a Rússia entra na Primeira Guerra em 1914. Aliada da Inglaterra e da França(Tríplice Entente), contra os Impérios alemão, austríaco e turco (Tríplice Aliança), esse conflito agravou a crise na produção agrícola e industrial, gerando fome e desemprego. As derrotas na frente de batalha para os alemães eram constantes.
O massacre do  Domingo Sangrento
Portanto, a grave crise social somada aos prejuízos decorrentes da guerra mergulhou o czarismo em uma crise profunda. O massacre de trabalhadores, que matou 92 pessoas, em frente ao Palácio de Inverno, que foram pedir pão e paz ao czar, conhecido como Domingo Sangrento, revelava a inabilidade do czar frente à crise que se estendia em protestos, em escala crescente, nos campos e nas cidades.
 A convocação de um parlamento (Duma) pelo czar, eleito pela população, a fim de elaborar uma Constituição para a Rússia, de nada adiantou. Em pouco tempo, Nicolau II, demonstrou sua face autoritária suspendo os trabalhos da Duma.
Nicolau II
No início de 1917 soldados desertavam da frente de batalha, greves se espalhavam, a fome e o empobrecimento da população tornaram a situação insustentável. Em 23 de fevereiro o czar foi deposto por grupos liberais. O poder foi transferido para a Duma. Caia a monarquia na Rússia.
Com a queda do czar a Rússia mergulhou no caos político. Um governo provisório, chefiado por um príncipe latifundiário, Georgy Lvov, tinha a forte oposição dos bolcheviques e do poderoso soviete de Petrogrado, que defendiam a radicalização do movimento nas palavras de Lênin: “Todo poder aos sovietes”. Sem resolver os principias anseios do povo russo por pão, paz e terra, os bolcheviques, apoiados pelos sovietes e pelos soldados, tomaram o Palácio de Inverno e depuseram o governo provisório. Era outubro de 1917. No poder os bolcheviques atenderam as reivindicações do povo russo. Reconheceram o direito dos camponeses à terra, dos operários nas fábricas e propuseram um armistício com a Alemanha assinando o Tratado de Brest-Litovsk, pondo fim ao estado de guerra entre os dois países.
Exército Vermelho
É claro que os problemas não se resolveram de uma hora para outra, a guerra pela revolução ainda estava por vir. Em 1918 estoura a guerra civil. De um lado os grupos sociais alijados do poder, pela Revolução de Outubro, formando o Exército Branco, com o apoio dos países capitalistas (ingleses, franceses, japoneses, norte-americanos e até alemães). Do outro, defendendo a revolução o Exército Vermelho, comandado por Leon Trotsky. As conseqüências da guerra foram dramáticas para o povo russo e levaram o governo de Lênin a adotar o comunismo de guerra, proibindo qualquer empreendimento privado, confiscando a produção agrícola dos camponeses, por destacamentos armados (destacamento de ferro) e instituindo o igualitarismo salarial. Medidas duras e impopulares.
Soviete de Petrogrado
Vitorioso na guerra civil, mas, governando um país arrasado, os bolcheviques, agora Partido Comunista,  esvaziaram o poder dos sovietes e passaram a controlar os sindicatos, sufocando e eliminando qualquer resistência e reivindicações, inclusive aquelas ocorridas na Fortaleza de Kronstadt, que exigiam a democratização da revolução. O governo reprimiu os revoltosos em combates que levaram a milhares de mortos.
Com o fim da guerra civil o governo de Lênin deu início à reconstrução do país. A NEP (Nova Política Econômica) tinha como objetivo estimular a agricultura e combater a fome.  A NEP estabeleceu algumas regras do capitalismo, como a pequena propriedade privada e o retorno, de forma limitada, a economia de mercado. Para Lênin “era necessário dar um passo atrás para dar dois passos à frente”, para que o socialismo pudesse avançar. Com a NEP, as condições sócio-econômico da Rússia melhoraram muito, mas, obteve pouco sucesso na recuperação da indústria. Com o objetivo de institucionalizar a revolução em 1922 foi elaborada uma nova Constituição, criando a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) que reunia as diversas Repúblicas do antigo império russo.

Trotsky e Stalin
Com a morte de Lênin em 1924 tem inicio a disputa pela sucessão do governo russo dentro do Partido Comunista, expondo duas propostas. De um lado, o secretário geral do partido Joseph Stalin, que defendia a tese da “construção do socialismo em um só país”, segundo essa proposta os esforços da revolução deveriam concentrar-se na realização do socialismo na Rússia; enquanto isso Trotsky, criador do Exército Vermelho, um  ex-menchevique com idéias próprias e intelectual brilhante, defendia a “revolução internacional”, priorizando a internacionalização do socialismo. Ao final venceu o grupo de Stalin. Iniciava-se o período de implementação do socialismo de modelo soviético, caracterizado por um notável desenvolvimento econômico, mas, marcado por um terrível expurgo dentro do partido que prendeu e matou milhares de pessoas. Esse período ficou conhecido como Grande Terror.
Stalin empreendeu a coletivização do campo e a industrialização acelerada. Eram os primeiros passos do Primeiro Plano Qüinqüenal, em 1929. As terras coletivizadas poderiam se tornar cooperativas agrícolas (Kolkhozes) ou fazendas estatais (sovkhozes) onde 98% dos camponeses trabalhavam em fins de 1935. No caso da industrialização não foram poupados sacrifícios. O financiamento da indústria veio dos impostos pagos pelos camponeses e, principalmente, da exportação de produtos agrícolas, mesmo com a carência de alimentos, obtendo assim recursos para a importação de máquinas, equipamentos e tecnologia.
bandeira da URSS
Portanto, o socialismo que se implantou na Rússia, em 1917, ficou conhecido como modelo soviético. Seu sucesso, em grande parte é atribuído a Stalin, por ter melhorado o nível de vida da população russa e feito da URSS uma potência econômica, política e militar. Contudo, podemos resumir esse sucesso a partir de três fatores: o terror de Estado, que eliminou as oposições; o desenvolvimento econômico, que fortaleceu a indústria; e a ascensão de milhões de pessoas favorecidas pelas políticas estatais.

Bibliografia.
História (Ronaldo Vindas, Sheila de C. Faria, Jorge Ferreira e Regina dos Santos – editora Saraiva)

domingo, 22 de maio de 2011

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914 – 1918)
A vida nas trincheiras


A Primeira Guerra Mundial ou Grande Guerra foi o primeiro conflito armado que envolveu todos os continentes do planeta. Seu epicentro foi a Europa, mas, países americanos, asiáticos e colônias africanas participaram, mesmo nominalmente, nessa que foi a primeira guerra moderna, onde populações civis passaram a serem atingidas, matando cerca de 18 milhões de pessoas, além dos milhões de mutilados.

Os antecedentes que prepararam o caminho para o conflito podem ser sintetizados em três contextos. o desenvolvimento econômico da Alemanha, o nacionalismo dos povos balcânicos e a disputa imperialista dos países europeus.

 No primeiro contexto, a Alemanha, que surgiu como nação moderna com sua unificação na segunda metade do século XIX, sob a liderança do chanceler Otto Von Bismark, ameaçava a hegemonia política e econômica da Inglaterra como maior potência mundial.

Península Balcânica
No caso do nacionalismo dos povos balcânicos, as unificações da Alemanha e da Itália motivaram os povos da região da península balcânica (sérvios, croatas, bósnios entre outros), cada qual com sua cultura, a formarem nações autônomas e independentes. È importante lembrar que essa região, leste europeu, sofria os interesses de muitos impérios, mas diretamente dos impérios austro-húngaro, turco-otomano e russo. Outro aspecto importante com relação aos bálcãs é sua localização geográfica, se situando entre a Europa e o Oriente Médio, sendo essa última região rica em petróleo (assim como o Norte da África).

Por  último, a disputa por colônias fornecedoras de matérias primas, entre os impérios europeus (como foi a disputa entre a Alemanha e França pelo Marrocos no Norte da África) caracteriza o momento de tensão política, econômica e militar que a Europa vivia nas primeiras décadas do século XX. O barril e o rastilho de pólvora já estavam prontos, restava a fagulha que detonaria o conflito.

 Esse contexto, de uma forma geral, engendrou a formação de alianças na Europa entre as nações, levando em consideração o conjunto de interesses e garantia de defesa mútua entre os países europeus. Das muitas alianças formadas as mais importantes e que desencadearam a guerra foram:
Tríplice Aliança: Impérios alemão, austro-húngaro e turco-otomano.
Tríplice Entente: Inglaterra, França e Rússia.

Atentado ao príncipe herdeiro a Áustria.
A morte do príncipe herdeiro ao trono Austro-Húngaro ( Francisco Ferdinando) na Sérvia, em visita diplomática, foi o fagulha necessária para explodir a guerra. A declaração de guerra da Áustria à Sérvia, que lutava pela união dos povos eslavos (sérvios, bósnios, croatas, romenos, entre outros) com o apóio da Rússia, desencadeou a política de alianças dando início ao conflito.

A Alemanha (Europa central) desenvolveu a guerra em duas frentes, a Leste contra a Rússia e a Oeste invadindo a França pela Bélgica. Numa primeira fase a guerra foi de movimento, caracterizada pelo ataque de tropas com a utilização, pela primeira vez na história, de canhões, aviões e submarinos. Essa fase vai de 1914 a 1915. De 1915 em diante a guerra se torna um conflito de posição ou trincheira. Nessa fase, a mais terrível do conflito, cada metro de território era disputado violentamente, com milhares de soldados mortos. A entrada dos EUA na guerra em 1917, com seu potencial industrial e humano, foi decisivo para a vitória dos aliados da Entente.

O fim da Guerra foi formalmente acordado por muitos tratados na França, sendo o Tratado de Versalhes o mais importante. Esse tratado, que não teve a assinatura dos EUA por propor uma acordo sem vencedores, responsabilizou a Alemanha pela guerra, determinando seu enfraquecimento e desmilitarização. Os alemães foram ainda obrigados a pagar uma pesada indenização, perdendo suas colônias e parte de seu território.



Palácio de Versalhes
O Tratado de Versalhes também oficializou a Liga das Nações. Instituição internacional que funcionou como fórum de entendimentos entre as nações na defesa da paz. Contudo, a Liga das Noções nasceu fadada ao fracasso por não ter entre seus signatários os EUA, a Rússia, agora socialista, e a derrotada Alemanha.

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É importante lembrar que a Segunda Guerra Mundial não foi um conflito de ordem ideológica. Ou seja, a guerra não foi fruto de propostas de mundos diferentes do capitalismo. O conflito foi resultado dos interesses geopolíticos e econômicos no jogo das forças capitalistas. Em outras palavras, o enorme desenvolvimento das forças capitalistas, associadas aos contextos descritos acima, levaram a Europa ao desastre da guerra total (destruição incondicional do inimigo). Nas palavras do historiador Eric Hobsbawm: “o céu era o limite”.

O desfecho da Primeira Guerra não dirimiu os problemas que a causaram. Ela fortaleceu a supremacia econômica e financeira dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França. Entretanto, essa supremacia seria contestada vinte anos depois por novas ideologias e pela crise capitalista de 1929.

quinta-feira, 17 de março de 2011

texto 2: CRISE MONÁRQUICA E A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA NO BRASIL

Na montagem, D. Pedro II, último imperador do Brasil,
com a faixa de Presidente da República.








Bandeira do Império do Brasil (1822 - 1889)
 Enquanto o capitalismo se expandia, na forma de Imperialismo na segunda metade do século XIX, da Europa, EUA e do Japão para o resto mundo, no Brasil a monarquia, em seu segundo reinado (D. Pedro II – 1840 a 1889), entrava em uma crise progressiva que atingiria nas décadas de 1870 e 1880 seu clímax. No contexto brasileiro podemos associar a expansão do capitalismo às pressões de parte da sociedade brasileira por uma modernização do país. Em outras palavras, o trabalho escravo, esteio da economia no Brasil por mais de 300 anos, enfraquecia-se, desde a proibição do tráfico transatlântico em 1850, uma vez que escravidão ia de encontro aos princípios mais básicos da sociedade de mercado, fundada no trabalho livre (assalariado). Entretanto, a queda da monarquia brasileira não se restringiu à questão abolicionista; outras questões, a religiosa e, sobretudo, a militar, alimentaram a crise da monarquia levando aos acontecimentos do 15 de novembro de 1889.


A sociedade urbana no Brasil nas últimas décadas do século XIX caracterizava-se por uma contradição: cidades com forte presença do trabalho escravo em seu cotidiano; ao mesmo tempo que uma nova classe média formada por engenheiros, médicos, advogados, professores, jornalistas e profissionais liberais, questionavam a ordem econômica e política do império. As novidades do transporte urbano (os bondes), a iluminação a gás, o crescimento do setor financeiro e uma imprensa cada vez mais crítica e presente fazia as idéias fervilharem e circularem. Essas classes não se identificavam com o poder monárquico sustentado por uma aristocracia agrária escravocrata (fazendeiros do Nordeste e produtores de café do Vale do Paraíba), artífices da Independência em 1822. Outra aristocracia agrária, os fazendeiros do Oeste paulista, produtores de café, já entendiam as desvantagens do trabalho escravo frente ao trabalho livre.  Somava-se a esse contexto a ideologia da superioridade da cultura ocidental do homem branco, estímulo a mais para a imigração de trabalhadores europeus dentro da política de branqueamento da sociedade brasileira, defendida por senadores do império. Ou seja, a imigração contribuiria para o processo civilizacional do Brasil cujo povo carregava a “mancha” da miscigenação das culturas africana e indígena.


Por outro lado, as pressões contra a escravidão não vieram apenas das elites e das classes médias. As constantes fugas de escravos, desde o século XVI, muitas delas realizadas com o apoio de organizações como os caifazes, em S. Paulo, os quilombos que se multiplicavam, a resistência das tradições culturais (danças, cantos, festas e religiões, muitas vezes associados às culturas do índio e do branco) tiveram um papel silencioso, mas importante na luta contra a escravidão. No caso das tradições culturais à perseguição a essas manifestações pela poder público, sendo tratadas como caso de polícia por atentar contra a ordem e a urbanidade, contribuíram para a preservação do imaginário de trabalhadores negros e branco pobres. Em outras palavras, as cidades, em seu processo de modernização, deveriam ser civilizadas dentro do padrão europeu, afastando todo e qualquer vestígio da cultura que nascia nas ruas do Rio de Janeiro ou de outra cidade do Brasil. Na verdade essas manifestações eram super dimensionadas como uma ameaça aos donos do poder. A Lei Áurea, de 1888, revelou as contradições de um regime já em estado terminal. O fim da escravidão representou uma derrota definitiva ao grupo que dava sustentação à monarquia a aristocracia rural escravocrata.



Bandeira proposta por Rui Barbosa, durou apenas 4 dias (1889)
Outra questão, além da abolicionista, foi a militar. A Guerra do Paraguai (1864 a 1870) conflito que reuniu Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai, por motivos econômicos e de fronteira, com o envolvimento político da Inglaterra por seus interesses imperialista na região, teve implicações profundas no Brasil. Depois de seis anos de combate e com a vitória dos aliados o Exército brasileiro se viu com outro status. Os militares passaram a cobrar maior participação nos assuntos políticos do país, não mais aceitando a condição de força secundária com a função de capitão do mato (capturar escravos fugitivos). Na verdade, o exército se apropriava de uma ideologia da classe média com perfil moderno e republicano; contra as forças arcaicas da monarquia. Dentro dessa perspectiva o Exército brasileiro acabou por tomar à frente no movimento que derrubaria a monarquia em 1889. As conseqüências econômicas ficaram por conta dos enormes custos financeiros que a guerra gerou, resultando em grave crise econômica. Por outro lado, a participação de escravos nas frentes de batalha só alimentava o movimento abolicionista; uma vez que a guerra produzia o soldado cidadão, ou seja, aquele que luta na defesa de sua pátria na garantia da soberania e da liberdade do povo, valores incompatíveis com a escravidão.


Por último a questão religiosa que consistiu numa crise entre o governo brasileiro e o Vaticano, quando o imperador proibiu que o clero no Brasil combatesse a Maçonaria, por ordem do papa. A questão religiosa tornou-se uma crise institucional por ser o catolicismo a religião oficial do Brasil, agravando-se com a prisão de dois bispos no Nordeste brasileiro que optaram em obedecer às orientações do Vaticano.


A atual bandeira já sofreu 4 alterações no número de suas
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 As idéias republicanas ganharam expressão em 1870 com o Manifesto Republicano. O documento apresentava propostas como: estabelecimento do regime republicano federativo, fim do Senado Vitalício e do poder Moderador; eleições diretas e separação entre Estado e Igreja. Em relação ao trabalho escravo foi somente na década de 1880 que os republicanos passaram a defender a abolição. Havia duas tendências entre os republicanos, aqueles que defendiam a tomada do poder por uma revolução (revolucionários) e aqueles que defendiam as eleições como método (evolucionistas), sem maiores rompimentos com as estruturas sociais e econômicas.


No dia 15 de novembro de 1889 o marechal Deodoro da Fonseca reuniu suas tropas e invadiu o ministério da Guerra destituindo o primeiro ministro de D. Pedro II, Visconde de Ouro Preto. Não houve reação dos monarquistas e muito menos participação efetiva dos populares nas ruas, que assistiram “bestializados” o nascimento da República do Brasil.
Visita do CIEP 257 ao Museu Imperial, residência predileta do imperador
D. Pedro II. (2010)


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

texto 1 - IMPERIALISMO NO SÉCULO XIX

Fome e miséria na Índia durante a dominação inglesa.

















Na segunda metade do século XIX o capitalismo industrial sofreu profundas transformações. O desenvolvimento das forças produtivas, motivadas por novas invenções e novas fontes de energia (eletricidade e petróleo), deu um impulso à produção industrial em grandes proporções. Esse crescimento levou os homens a um otimismo em relação ao futuro da humanidade. O Capitalismo, enquanto sistema econômico, apresentava-se capaz de atender e superar as necessidades dos homens; ao mesmo tempo em que esse crescimento já apresentava outra necessidade: expandir-se para além das fronteiras dos países industrializados, a fim de resolver o problema do excedente.
É importante saber que essas mudanças transformaram o capitalismo industrial, na Europa, EUA e Japão, em capitalismo financeiro ou monopolista, o que significa dizer que a produção e o comércio passaram a se submeter a instituições financeiras. Ou seja, os banqueiros e industriais uniram-se, dando origem a grandes monopólios.

Outro excedente, neste período, além da produção industrial, foi populacional. Assim, a solução foi expandir os negócios para outros continentes e estimular a imigração, principalmente da população excluída dos benefícios do desenvolvimento capitalista, em outras palavras, trabalhadores desempregados e camponeses sem terra.
A África e a Ásia foram o destino dos negócios dos europeus. Os países desses continentes passaram a ser consumidores de produtos industrializados, áreas de investimentos de capitais e de colocação do excedente populacional europeu. Ao mesmo tempo em que se tornaram fornecedores de matérias primas (ferro, cobre, petróleo, trigo, algodão e etc.) para os países industrializados.
Mas, como se deu essa relação comercial?
As relações entre os países industrializados europeus e países periféricos, afro-asiáticos, se deram por meio da força. Estruturou-se uma dominação política, econômica e cultural européia desarticulando sociedades de história milenar. No caso da África, a Conferência de Berlim (1884 – 188) promoveu uma efetiva partilha do continente da qual participaram 14 países europeus, Estados Unidos e Rússia.
Entretanto, para além da “diplomacia do canhão, era necessário que a dominação se legitimasse. Em outras palavras, a exploração deveria justificar-se não só pela força, mas, pelas idéias. Para isso o mito da superioridade do homem branco, missionário da civilização européia nas sociedades ditas “inferiores”, responsável em levar a essas sociedades os valores ocidentais e a fé cristã, foi o argumento de dominação cultural. Essa ideologia, legitimada cientificamente pelo darwinismo social, em outras palavras, o homem branco era mais apto e mais evoluído em sua natureza a outros povos, serviu na verdade, para intensificar o mecanismo de exploração internacional.
No aspecto político a dominação poderia se dar pela administração direta ou indireta, conforme o contexto social e político das partes envolvidas (metrópole e colônia). No primeiro caso a dominação política se dava com a ocupação dos principais cargos governamentais por agentes metropolitanos. Na administração indireta a aliança entre as elites locais e os agentes metropolitanos garantia o controle político nas colônias.
Esse contexto acabou por provocar uma corrida imperialista na África e Ásia; ao mesmo tempo em que o desenvolvimento industrial permitia uma modernização e incremento no setor militar nos países europeus. A situação política, traduzida em acordos e alianças entre os países europeus, se tornava complexa, sobretudo, com a chegada tardia da Itália e da Alemanha, países recentemente unificados, na disputa por colônias.
O quadro estava se completando. Seu desenho esboçava um conflito envolvendo toda a Europa mais países envolvidos na política imperialista, EUA e Japão. Suas cores definiriam a Primeira Guerra Mundial, ou A Grande Guerra, emoldurado pelo desenvolvimento de um país recente mais que já nascia potência econômica e militar: a Alemanha.

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