Bandeira do Império do Brasil (1822 - 1889) |
A sociedade urbana no Brasil nas últimas décadas do século XIX caracterizava-se por uma contradição: cidades com forte presença do trabalho escravo em seu cotidiano; ao mesmo tempo que uma nova classe média formada por engenheiros, médicos, advogados, professores, jornalistas e profissionais liberais, questionavam a ordem econômica e política do império. As novidades do transporte urbano (os bondes), a iluminação a gás, o crescimento do setor financeiro e uma imprensa cada vez mais crítica e presente fazia as idéias fervilharem e circularem. Essas classes não se identificavam com o poder monárquico sustentado por uma aristocracia agrária escravocrata (fazendeiros do Nordeste e produtores de café do Vale do Paraíba), artífices da Independência em 1822. Outra aristocracia agrária, os fazendeiros do Oeste paulista, produtores de café, já entendiam as desvantagens do trabalho escravo frente ao trabalho livre. Somava-se a esse contexto a ideologia da superioridade da cultura ocidental do homem branco, estímulo a mais para a imigração de trabalhadores europeus dentro da política de branqueamento da sociedade brasileira, defendida por senadores do império. Ou seja, a imigração contribuiria para o processo civilizacional do Brasil cujo povo carregava a “mancha” da miscigenação das culturas africana e indígena.
Por outro lado, as pressões contra a escravidão não vieram apenas das elites e das classes médias. As constantes fugas de escravos, desde o século XVI, muitas delas realizadas com o apoio de organizações como os caifazes, em S. Paulo, os quilombos que se multiplicavam, a resistência das tradições culturais (danças, cantos, festas e religiões, muitas vezes associados às culturas do índio e do branco) tiveram um papel silencioso, mas importante na luta contra a escravidão. No caso das tradições culturais à perseguição a essas manifestações pela poder público, sendo tratadas como caso de polícia por atentar contra a ordem e a urbanidade, contribuíram para a preservação do imaginário de trabalhadores negros e branco pobres. Em outras palavras, as cidades, em seu processo de modernização, deveriam ser civilizadas dentro do padrão europeu, afastando todo e qualquer vestígio da cultura que nascia nas ruas do Rio de Janeiro ou de outra cidade do Brasil. Na verdade essas manifestações eram super dimensionadas como uma ameaça aos donos do poder. A Lei Áurea, de 1888, revelou as contradições de um regime já em estado terminal. O fim da escravidão representou uma derrota definitiva ao grupo que dava sustentação à monarquia a aristocracia rural escravocrata.
Bandeira proposta por Rui Barbosa, durou apenas 4 dias (1889) |
Por último a questão religiosa que consistiu numa crise entre o governo brasileiro e o Vaticano, quando o imperador proibiu que o clero no Brasil combatesse a Maçonaria, por ordem do papa. A questão religiosa tornou-se uma crise institucional por ser o catolicismo a religião oficial do Brasil, agravando-se com a prisão de dois bispos no Nordeste brasileiro que optaram em obedecer às orientações do Vaticano.
A atual bandeira já sofreu 4 alterações no número de suas estrelas. |
No dia 15 de novembro de 1889 o marechal Deodoro da Fonseca reuniu suas tropas e invadiu o ministério da Guerra destituindo o primeiro ministro de D. Pedro II, Visconde de Ouro Preto. Não houve reação dos monarquistas e muito menos participação efetiva dos populares nas ruas, que assistiram “bestializados” o nascimento da República do Brasil.
Visita do CIEP 257 ao Museu Imperial, residência predileta do imperador D. Pedro II. (2010) |